
O presidente Donald Trump fez declarações contundentes neste domingo, exigindo que as pessoas em situação de rua deixem imediatamente a capital dos Estados Unidos. Em postagem nas redes sociais, ele afirmou que essas pessoas terão acesso a abrigo, desde que fora de Washington, com o objetivo de tornar a cidade “mais segura e bonita do que nunca”. Segundo Trump, “não haverá discurso de gentileza” e os criminosos serão presos. Ele destacou também sua intenção de “recuperar nossa capital” com ações rápidas e enérgicas.
Apesar do tom enfático do presidente, dados oficiais contradizem o cenário retratado. A prefeita Muriel Bowser ressaltou que, apesar de uma alta temporária em 2023, o ano de 2025 registrou uma redução significativa nos índices de criminalidade na cidade, com quedas de 26% nos crimes violentos e 7% no total de ocorrências. Ela deixou claro que Washington não enfrenta atualmente uma escalada no crime.
Em um contexto politicamente sensível, destaca-se que Washington, DC, possui um status especial de governança. A cidade segue sob a Lei Home Rule de 1973, que concede autonomia à prefeitura e ao Conselho Municipal, ainda que o Congresso mantenha poder para alterar essa estrutura. Qualquer tentativa de federalizar o controle ou impor medidas excepcionais requer aprovação legislativa.
As comunidades que atuam na redução da falta de moradia, como a organização Community Partnership, já reportam que cerca de 3.782 indivíduos vivem em situação de rua em qualquer noite na cidade. Deste total, cerca de 800 ficam desabrigadas — ou seja, vivenciam a rua — enquanto os demais têm acesso a abrigos ou moradias temporárias.
A retórica de Trump gerou reações imediatas de críticos que apontam o risco de criminalização da pobreza e o uso de demonização como artifício político. Alguns líderes e defensores dos direitos das pessoas em situação de rua alertam para os impactos sociais e éticos dessas medidas, ressaltando a necessidade de abordagens mais humanas e soluções estruturais.