
Em um ato que elevou ainda mais as tensões na América do Sul, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou um alistamento popular em larga escala. A medida, segundo o líder venezuelano, é uma resposta direta às recentes e intensificadas “ameaças” dos Estados Unidos. A mobilização, que inclui milicianos, reservistas e cidadãos, busca reafirmar a soberania e a capacidade de defesa do país diante do que Caracas classifica como uma escalada de agressões. O chamado para a população se alistar não é apenas um gesto simbólico, mas uma peça-chave na estratégia do governo para demonstrar força e coesão contra a pressão externa.
A convocação de Maduro ocorre em um cenário de profunda desconfiança e atrito com Washington. A Casa Branca, em um movimento que aprofundou a crise, aumentou a recompensa por informações que levem à captura do presidente venezuelano para 50 milhões de dólares. Paralelamente, os Estados Unidos lançaram uma operação antinarcóticos no Mar do Caribe, enviando navios de guerra e, conforme noticiado pela imprensa, planejando o envio de fuzileiros navais para águas próximas à Venezuela. Essas ações são vistas por Maduro e seu governo como uma tentativa de cerco e desestabilização. “Considerei necessário e oportuno que no sábado e no domingo tenhamos esta grande jornada de alistamento (…) para dizer ao imperialismo: Basta de tuas ameaças! A Venezuela te rejeita, a Venezuela quer paz!”, declarou o presidente.
A estrutura militar da Venezuela, especialmente a Milícia Bolivariana, tem um papel central nesse conflito. Criada pelo ex-presidente Hugo Chávez, a milícia é uma força civil armada de voluntários, considerada por Caracas um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana. Com mais de 4,5 milhões de membros, segundo dados oficiais, a milícia é a base da estratégia de defesa do país contra qualquer tipo de intervenção. Maduro reforçou a importância dessas forças, convocando-as a se prepararem para a defesa do território. “Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela”, disse o líder, acrescentando: “Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!”.
A tensão entre os dois países tem raízes em uma longa história de desentendimentos políticos e econômicos. Washington não reconhece as últimas reeleições de Maduro e o acusa de liderar o chamado Cartel de los Soles, uma organização criminosa ligada ao narcotráfico. Caracas, por sua vez, acusa os Estados Unidos de interferência arbitrária e de violar o direito internacional. A escalada atual coloca a região em alerta, com a Venezuela reforçando suas defesas e revisando estratégias de segurança. O alistamento popular serve como uma demonstração de unidade e prontidão, um aviso de que o país está disposto a se defender diante de qualquer ameaça externa, transformando o conflito político em uma mobilização de cunho nacional.